sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Macbeth: falas sobre a traição


MACBETH

Não me atrevo a contemplar de novo o que fiz.


LADY MACBETH

Covarde! Dá-me essas adagas. Estão como mortos, parecem estátuas. És como uma criança a quem assusta a figura do diabo. Eu sujarei de sangue a cara desses guardas. (Ressoam pancadas.)


MACBETH

Não bastaria todo o oceano para lavar o sangue dos meus dedos... 


MACDUFF

Chora sem trégua, pobre Escócia! Horrível tirania pesa sobre ti. Os bons calam-se e ninguém se atreve a resistir. Tens de sofrer os teus males com paciência e calma, pois o teu rei treme e vacila. Senhor, julgas-me mal. Eu não seria traidor nem mesmo ao preço de toda terra que esse malvado se apossou, nem por todas as riquezas do Oriente.



MALCOLM

Além disso ruge uma condição tão indomável que se fosse rei, nada me custaria matar um nobre para o despojar de suas herdades e castelos, ou condená-los por falsas acusações embora fosse um espelho de lealdade para enriquecer com seus despojos.


MACBETH

Se não nos abandonarem os traidores, sairemos ao encontro dos adversários e derrotá-los-emos frente a frente. Mas que ruído é este?

Sou Macbeth.


O JOVEM SIWARD
Nem o próprio Satanás pode proferir nome mais detestável. 



Selecionei algumas falas desse clássico shakeaspeariano para ilustrar como funciona a mente de traidores e conspiradores, assim como as previsíveis consequências funestas de tais atos perversos.


 Essa foi outra semana vexaminosa para o Brasil no campo das relações internacionais.


Uma das mais veementes demonstrações foram as palavras de ordem de uma manifestação política na Venezuela: "a Venezuela não é o Brasil."


Depois de ler as falas selecionadas que chamei de uma 'sketchpeariana' hás de convir que o Brasil, atualmente, está mais para a Escócia de Macbeth (até no uso da mesóclise)...



Porto Alegre, 28 de outubro de 2016.

Imagem: Wikimedia Commons

Edu Cezimbra 

Nenhum comentário:

Postar um comentário