Porto Alegre, 24 de fevareiro de 2017.
Foto: vitrine em Veneza
Edu Cezimbra
Blog de Eduardo Sejanes Cezimbra para escrever sobre a vida, rascunhando impressões, como se manuscrito com caneta-tinteiro e mata-borrão. "Escrevo porque preciso, publico porque amo."
- O preço da liberdade é a eterna vigilância.
- Certo, e quando vamos ter tempo para desfrutar essa tão falada liberdade?
- Deus ajuda quem cedo madruga.- Pelo jeito enquanto nós madrugamos ele está no bom do sono...
- Tempo é dinheiro.- Se tempo fosse dinheiro eu seria milionário...
- Mais vale um pássaro na mão que dois voando.- Melhor um binóculo na mão que duas espingardas de caça atirando...
- A fé move montanhas.- E a Vale remove e exporta...
- Em terra de cegos quem tem um olho é rei.- Em terra de rei tem muita gente que finge não ver...
- Cabeça vazia é oficina do diabo.- Se diabo tivesse oficina já tinha virado siderúrgica...
- Não dê o peixe mas ensine a pescar.
- Tá, mas agora devolve meu caniço, linha e anzol...
- Uma derrota ensina mais que uma vitória.
- Difícil é admitir a derrota...
- Depois da tempestade vem a bonança.- E depois da bonança vem o aquecimento global...
Gastamos, hoje em dia, muito mais em cigarros e bebidas que em educação. E nada há de surpreendente nesse fato. O impulso para fugir a nós mesmos e ao que nos rodeia está presente em cada um de nós, quase todo o tempo. Jamais a inabalável convicção na existência do Inferno conseguiu evitar que os cristãos fizessem aquilo que lhes sugeria a ambição, a luxúria ou a cobiça. O câncer pulmonar, os acidentes de tráfego e os milhões de criaturas miseráveis e criadoras de miséria em razão do alcoolismo são realidades ainda mais positivas que o Inferno no tempo de Dante. Mas tudo isso é remoto e secundário, se comparado com a realidade vivida e presente de uma ânsia por serenidade ou liberdade, por um cigarro ou uma taça.
Os problemas criados pelo álcool e pelo tabaco não podem ser — e isto não admite contestação — resolvidos pela proibição. O impulso universal e permanente para a autotranscendência não pode ser dominado pelo simples fechar das solicitadas Portas na muralha. A única política razoável seria abrir outras portas melhores, na esperança de induzir os seres humanos a trocar seus velhos maus hábitos por práticas novas e menos prejudiciais. Mas é inevitável que perdure, apesar de tudo, a necessidade de freqüentes excursões químicas para longe da intolerável personalidade e dos repulsivos arredores de cada um.
"Querido diário,
Hoje acordei tarde.
Umas batidas secas no telhado da casa.
Parecia um martelo...
Provavelmente um pica-pau a afiar o bico."
"Querido diário, hoje me diverti muito atribuindo citações de 'Mein Kampf' a Lenin, sem esquecer de xingar ele de comunista esquerdopata bolivariano! Adoro ver como minhas geniais alcunhas são reproduzidas por muitos comentaristas nas redes sociais!, embora confesse para ti, querido diário, que às vezes me faltem termos mais contundentes para caluniar esses detestáveis petralhas. Ainda bem que os manuais de nossas invejáveis revistas e falhas jornalísticas nos suprem dessas indispensáveis doses diárias de mentiras e distorções dos fatos. Não é divertido, querido diário?"Ainda bem que isso não é verdade, não?...
Andar ao léu
sem rumo
sinuosamente
sem pressa
seguramente
Sem eira
nem beira
passar
maus bocados
repetidamente
Dar com os burros
n'água
Assim diziam
do fracasso
ocasionalmente
Antes tarde
do que nunca
Aqui termina
a história
abruptamente