quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Caballero


" De qualquer maneira, nossa resistência foi tão heróica que hoje em dia todo mundo sabe que o Paraguai foi aquele país que enfrentou a Argentina, o Brasil e o Uruguai na maior guerra da América Latina. Isso nos deu uma dignidade, uma...como direi?... obrigado, jovem, uma identidade nacional. Que linda expressão! Vou anotar para não esquecer. Vê-se logo que você é um historiador. Com você fica fácil, amigo Raúl, muito mais fácil do que com outros."

 "Caballero", romance inspirado nas novelas picarescas ao estilo " El Lazarillo de Tormes", de Guido Rodríguez Alcalá, com tradução de Sergio Faraco, traz uma outra visão da guerra, pelo ponto de vista paraguaio.

Como lembrou Henrique Oliveira: 

 - Derrotaram um País irmão para satisfazer os interesses da Inglaterra, essa guerra não teve nada de heroísmo e sim foi a vergonha dos Países da Tríplice Aliança!!! E o pior que hoje querem fazer o mesmo com a Venezuela a serviço dos interesses norte-americanos!!!

Sim, a história se repete, lamentavelmente...

O autor dessa "novela picaresca" aproveita para espicaçar, na voz do General Caballero, os jornalistas, seus contemporâneos (a novela foi publicada em 1987, em Buenos Aires):

"Com tanto jornalista pateta que anda por aí, esse negócio de dar entrevistas fica mais penoso do que a nossa longa guerra de cinco anos. Eles ficam fazendo perguntas tolas, é preciso explicar tudo desde o começo e creio que, de tanto repetir, a gente acaba acreditando menos nos fatos e mais nas palavras que os representam."

Como escrevi antes, a história se repete, nesse caso como farsa - ópera-bufa italiana, segundo Sérgio Faraco -, que se veste de tragédia, lamentavelmente, repito, contrariando Karl Marx... 

Porto Alegre, 16 de agosto de 2017.

Edu Cezimbra

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