segunda-feira, 9 de abril de 2018

No limite do amanhã


O filme de ficção-científica "No limite do amanhã" (Edge of tomorrow) mostra que é preciso morrer muitas vezes até aprender a não repetir o erro.

Não sei se o roteirista do filme é místico; já eu me atenho aos aspectos, digamos, filosóficos do filme em tela.

Ao assistir o filme ocorreu-me que se presta bem a uma analogia com a história tão repetitiva do nosso país.

A morte ocorre enquanto repetição até aprendermos a lição, isto é, até não se repetirem os mesmos erros.

O personagem morre e ressuscita sempre no mesmo dia, o que se repete muitas vezes. Só ele se recorda dos erros que levam todos ao desastre amanhã.

“Amanhã será outro dia”? Não até ouvirmos quem sabe o que acontecerá amanhã, caso sigamos agindo do mesmo modo.

Ou seja, se não forem evitados os equívocos que costumeiramente repetimos não haverá um amanhã, mas a repetição do mesmo dia.

No Brasil, sempre é bom lembrar, já houve um dia 31 de março, que se tornou o mais longo primeiro de abril da nossa história.

Aliás, eternizado pelos nossos políticos lenientes e pusilânimes no que diz respeito à remoção de um arraigado entulho autoritário.

Entulho autoritário que se parece ao aparelho autônomo que aniquila a todos no filme. 

No Brasil, apesar de todos os mecanismos constitucionais, a batalha é perdida contra o conservadorismo autoritário, que anula qualquer tentativa de democracia.

No filme, o clímax acontece quando não há mais possibilidade de ressuscitar, ou melhor, de voltar no tempo.


Acho que também chegamos a um clímax na Brasil, já que não podemos nos permitir voltar no tempo...  

Porto Alegre, 9 de abril de 2018.

Imagem: divulgação

Edu Cezimbra

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